segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Se o seu relógio amarelo falasse

Por Vaidade

Se o seu relógio amarelo falasse, ele te contaria o quanto meus olhos te acham mesmo sem te procurar. E você, com essa insistente infantilidade adquirida, nem percebe que me incomoda nem que seja por não me incomodar.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O dia depois da noite de ontem

Por Gula

Confesso ser, pra algumas situações do amor, uma pessoa inexperiente. Não tenho ainda o dicernimento necessário pra conseguir distinguir no meu coração o que é admiração e o que é paixão. Sinceramente não sei se um depende do outro, ou onde começa um e termina o outro.
Esse encantamento que sentimos ao conhecer uma pessoa por um só dia pode já ser considerado paixão? Ou é uma admiração muito grande que sentimos pelo fato da pessoa nos propocionar momentos muito agradáveis? E se é só uma admiração, como convencer meu coração de que não precisa pensar tanto assim nele se nem é ainda uma grande paixão? Ou quando essa dúvida existe é porque já é tarde demais e já não temos mais controle sobre nossas emoções?
E se esse dom que eu tenho de gostar demais em um só dia me fizer sofrer todos os outros que virão?

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A volta do mau gosto

Por Vaidade

Já deu pra perceber que o mundo deu uma enlouquecida nessas últimas semanas. Eu nem ia comentar nada aqui a respeito, mas aí veio a bomba destruidora de todas as esperanças do mundo.
Eu comecei a desentender tudo quando proibiram o clipe Fireworks da Katy Perry de ser veiculado nos EUA por conter um beijo gay. Oi? Como assim? Desde quando isso é um problema pra censura de lá? Lembram do clipe All the lovers da Kylie Minogue? Lembram que a Madonna beijou a Aguilera ao vivo? Lembram que milhares de clipes já veicularam coisas assim antes? Porque decidiram que agora, nesse clipe em especial, não podia? E isso vindo de um país liberal onde em vários lugares o casamento gay já é até aceito. Ainda se fosse na Globo... mas tudo bem, existem absurdos no mundo todo mesmo. Fingi que não vi e passei em frente.
Ai me vem o Mackenzie, uma das maiores faculdades do país e solta uma nota que quer adquirir o direito de ser homofóbica. Oi? Ta bom, ta bom, não foi especificamente a faculdade e sim o chanceler da mesma... aham, ta bom. O fato é que foi ridículo, principalmente porque todo mundo sabe que a maioria dos alunos de lá é gay. Fingi que não vi e passei em frente.
E aí eu ouço que atacaram outro gay na Paulista com uma lâmpada. Do nada. Gratuitamente. O coitado tava lá andando e conversando e "pá!"... quase morre atoa. Confesso que começou a me irritar e fiquei meio indignado.
E aí veio a gota d'água. Hoje no meio da tarde, recebo a notícia de que foi publicada na Vogue uma matéria que diz que a pochete está de volta. PA-RA TU-DO!!! Foi o estopim pra minha revolta. Não foi uma notícia que saiu no Super Pop gente, foi na Vogue. Na VOGUE! Quer dizer, é pra morrer, não é?
Olha... querer, de uma hora pra outra, agredir gratuitamente os gays do mundo já é revoltante demais. Não me venham querer inserir de volta o mau gosto no mundo, porque aí sim... VAI TER BRIGA!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Paulista

Por Vaidade



Como não ser feliz depois de caminhar na Paulista em um lindo dia de Sol?

E daí se as contas estão vencidas e você está sem emprego? Que importa se elegeram errado e seu corpo está cansado? A Paulista continua linda nos dias de Sol.

É certo que o mundo está acabando, que as pessoas estão endoidando, que a política está nos enrolando. Mas, você já viu a Paulista quando garoa no fim de tarde?

Que interessa se ninguém te dá bom dia, se não tem tempo nem de ir à padaria, e muito menos visitar uma tia? Você já viu a Paulista na época do Natal?

Se te obrigam a votar, se te tiram o direito de falar, se não respeitam nem sua vontade de não querer beijar...

Como não ser feliz depois de caminhar na Paulista em um lindo dia de Sol?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vizinho

Por Luxúria


Se meu vizinho soubesse que o que o faz secar são os olhares furtivos atrás da cortina a lhe desejar, colocaria ele uma cortina com medo do meu desejo o prejudicar.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eu só sei amar

Por Marlon Vila Nova

E pensar que logo eu, que sempre quis você, dei um jeito de desquerer agora que já tinha.
Se eu pudesse escolher, tudo seria tão diferente. Você não me amaria tanto e eu seria louco por ti. Afinal, minha especialidade é amar... não é ser amado. Porque se a metade de mim é amor, e a outra metade também, já não da mais pra absorver, eu só tenho como doar amor.
Mais aí você sofre, e te ver sofrer é sofrimento. Eu já sei como viver dolorido assim, queria tanto trocar com você. Queria poder só eu sofrer, só eu chorar, só eu sentir frio, só eu lutar... e fazer seu sorriso não desmanchar.
Mas se um dia eu me arrepender e for atrás de você, negue a minha volta e me castigue com um sorriso. O mesmo sorriso que queria ver agora, pra saber que você está bem. Me deixe sofrer impiedosamente, porque isso eu sei fazer. Eu só sei amar, eu não sei ser amado. Mas eu sei sofrer.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Primavera

Por Preguiça

E eis que no fim do dia, quando o cansaço o fazia pensar apenas que no dia seguinte seria ainda pior, ele avista no vagão, nas costas de um desconhecido, uma mochila deixando escapar por entre o zíper uma única enorme rosa vermelha. Linda!
E o último sorriso do dia preencheu seu rosto ao se dar conta de que a época das flores sempre vai existir.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Por Marlon Vila Nova

Eu não me importarei de passar por todas essas dificuldades e provações se no fim eu puder dizer que valeu a pena, senhor. Mas eu preciso muito que tudo dê certo. Eu não aguentaria chegar no fim e ver que tudo foi em vão. Mesmo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tristeza

Por Ira

"Ai, tirem-me o coração
Que o tenho todo desfeito!
Cada pedaço um punhal
Que trago dentro do peito."

Florbela Espanca

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Minha vida, o palco

Por Marlon Vila Nova

Em um trecho de sua autobiografia, Liv Ullmann descreve o que, para ela, é ser atriz. Ela começa citando várias situações que, vistas de fora, por alguém que não seja tão apaixonado pelo teatro quanto ela é, poderiam ser vistas como dificuldades diárias de uma rotina profissional.
Ter que acordar cedo, trabalhar em um lugar empoeirado, dividir com várias pessoas o espaço apertado de um camarim, o piso velho do palco, com as tábuas empenadas... Para alguém que nunca viveu a emoção de estar em um palco, tudo isso pode parecer horrível, mas para nós, artistas, é o lugar no mundo onde mais queremos estar.
Emprestar meu corpo e voz para dar vida a um personagem com emoções que, às vezes, eu nunca vivi. A excitação dos minutos que antecedem, a tensão de carregar tanta responsabilidade, a satisfação de ser ovacionado no final.
Para muitos, a absorção completa de uma profissão só acontece depois de muitos anos de carreira. Para mim, um iniciante, a certeza de que o palco será para sempre necessário para minha felicidade, surgiu desde o primeiro momento em que pisei em um.

*Texto inspirado na autobiografia de Liv Ullmann, "Mutações"

domingo, 29 de agosto de 2010

Mulheres perfeitas

Por Marlon Vila Nova

Recentemente fui surpreendido por um amigo, que está realizando uma pesquisa, sobre como seria, na minha opinião, uma mulher perfeita. Só então eu parei pra pensar que essa pergunta nunca me havia sido feita, ou talvez eu nunca tivesse tentado responder sinceramente a uma pergunta como essa. Me saí da situação desconversando e mudando o assunto da conversa. Meu amigo ficou sem resposta, mas eu fiquei com uma pergunta que não me saía mais da cabeça.
Na última sexta-feira, em uma momento completamente comum da minha rotina, eu olhei pra uma das mulheres da minha vida e enxerguei ali, sentada em um sofá, já cansada de uma noite de balada, a resposta pra pergunta que havia me sido feita há alguns dias. Eu consegui apenas dizer "eu te amo" e beijá-la no rosto antes de me virar e sair de perto para que ela não percebesse as lágrimas que tomavam meus olhos. E, de repente, eu fui tomado por essa emoção estranha tão inesperadamente que quis fugir de mim. E fugi.
Ainda não sei porque me emocionei tanto com um fato que eu já conhecia, mas agora sei a resposta pra pergunta que meu amigo me fez. Percebi que, no dia em que a pergunta havia sido feita, eu não consegui responder porque tentei encontrar características que uma pessoa perfeita deveria ter, sem me atentar ao fato de que precisaria apenas descrever características de quem eu já conheço.
Uma mulher perfeita é aquela que acorda todos os dias disposta a realizar um sonho. É aquela que não sai de casa sem se olhar no espelho, que se preocupa com cada peça de roupa, e com a maquiagem, e com o cabelo. É aquela que enfrenta de cabeça erguida todas as limitações que a vida insiste em colocar no seu caminho. É aquela que nunca tem roupa pra nada, que sai sempre querendo estar melhor do que está, e que está sempre mais linda do que as outras simplesmente porque seu sorriso fica perfeito com qualquer roupa quando me vê. A mulher perfeita é perfeita porque me liga bem quando eu penso nela. É perfeita porque não deixa de aproveitar um lindo dia de Sol. Ela é perfeita porque sabe falar o que deve ser dito e quando precisa ser dito. E é perfeita porque simplesmente sorri pra você e não diz nada, quando não tem o que ser dito. É perfeita porque saberia cuidar de um cachorro com o mesmo amor que cuidaria de um filho, mesmo quando ela nem gosta de cachorro. É perfeita porque ela abre mão de seu fim de semana pra ajudar alguém que precisa e transforma isso em um programa extremamente agradável.
O mais importante é que a mulher perfeita nem desconfia que é perfeita. E ela é perfeita porque tem defeitos, exatamente porque seria humanamente imperfeito não tê-los.
Agora eu sei que existe sim a mulher perfeita. E não só uma. Elas estão ao redor de pessoas que não percebem a presença delas. E elas vão se recusar a confessar sua perfeição a você. Por isso, o jeito mais fácil de identificá-las é estando de olho em mim. Eu estou sempre ao lado de uma delas. Sempre.

domingo, 15 de agosto de 2010

A Psicologia do medo

Por Ira

Tenho trabalhado em contato direto com o medo. Em provocá-lo. Ter o poder de dominar um sentimento como esse em outra pessoa gera descobertas interessantes. É interessante como dá pra descobrir tanto sobre alguém através de um simples olhar.
Existem pessoas que riem diante de seus medos numa tentativa de se convencer de que naõ precisam sentir medo, existem os que o evitam, existem os que fingem que ele não existe, existem os que não sabiam que tinha medo, existem os que gostam de sentir medo, existem os que o encaram de frente, dispostos a lutar... mas quase ninguém tem forças pra ir até o fim.
O medo é um temor pelo desconhecido. É sua mente construindo uma tragédia geralmente bem menor que a real. É seu corpo querendo que você fuja daquilo que você imagina poder prejudicá-lo.
Todos nós tememos alguma coisa algum dia. E, cada vez mais, somos forçados a não temer. Esperam coragem de nós. Ter medo é sinal de fraqueza. Como se alguém pudesse, de fato, não ter medo de nada, nunca. Como se coragem fosse não ter medo. Não tem nada de corajoso em fazer algo que não se teme.
No fundo, tudo o que nós tememos é a mudança. Morrer, perder o emprego, perder alguém, se machucar... tudo que nos muda, de alguma forma, assusta...
Vale a pena se manter o mesmo pra sempre?


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aparências

Por Vaidade

Ele tinha vários modelos daquilo que chamavam de felicidade. Como em um guarda roupa lotado, ele dispunha de tudo que se precisa pra se apresentar da melhor forma aos olhares alheios. E era assim que era visto. Vestido impecavelmente com seu melhor modelo de felicidade.
Ninguém jamais notaria que ele cresceu de tal forma distorcida que aquela felicidade nao lhe cabia mais.
Ninguém jamais notaria...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Enquanto dormia

Por Marlon Vila Nova

Aquela festa foi incrível. Há muito tempo aquele grupo não se divertia tanto. Menos para uma pessoa, que praticamente não tinha participado da festa, mantendo-se encolhido próximo ao pé da escada. Seu nome era Marcos, o único sozinho naquele monte de casais que se formaram. Era sempre assim. Marcos sempre acabava sozinho cuidando de seus amigos, que sempre exageravam demais no consumo de chá gelado de champignon. Nunca se esquecera do episódio em que teve que limpar todo o banheiro onde Tiago, seu melhor amigo, vomitara no chão, já que o vaso sanitário entupiu porque um gato se afogou nele.
Marcos já estava cansado, ele próprio havia bebido muito chá gelado de champignon essa noite. O melhor momento foi quando todos decidiram fazer uma vaquinha e com o dinheiro pediram várias pizzas de atum com groselha. Ele sabia que em breve Tiago o chamaria pra ir embora.
Ele tinha que trabalhar cedo demais no dia seguinte e não se sentia tão bem para ir sozinho. Marcos consertava carruagens e barcos voadores, mas ele próprio nunca possuíra nenhum dos dois. Só tinha um unicórnio velho que herdara de seu pai há cinco anos.
Quando finalmente Tiago decidiu ir embora, Marcos acabou dormindo no barco voador dele. Ao acordar, percebeu que estava a duas estrelas mais distantes do que a que ele morava. Tiago tinha desviado do caminho para passar na casa da namorada dele, o problema é que Marcos percebeu que já tinha perdido seu dia de trabalho. Ele estava tão nervoso com Tiago que nem percebeu que estava numa catacumba, com cadáveres flutuando num líquido viscoso e vermelho.
E foi então que Marcos, ao ver que nada podia ser feito, lembrou-se de um documentário sobre os ursos que hibernam no inverno e decidiu dormir ali mesmo, associando o frio que fazia ao documentário.
Foi logo em seguida que entrou na catacumba um lobisomem sem braços com o cadáver de Tiago nos dentes.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A moeda

Por Avareza

Bruno cresceu em um mundo encantado. Príncipes, princesas, monstros e sapos rodeavam sua rotina diária com tal naturalidade que nunca se deu conta da existência desse outro mundo. Considerava o mundo que chamavam de real um mundo habitado predominantemente por bruxos, o que o fazia sentir repulsão.
Mas, como cresceu sendo criado como um príncipe, ele sabia que teria, um dia, que enfrentar bruxos pelo caminho. E assim, como um príncipe corajoso que havia sido educado para ser, ele enfrentava cada bruxo que por ventura resolvia desafiá-lo.
Até que apareceu aquele que, de tão poderoso, fez com que as armas de Bruno desaparecessem. E agora ele era ferido incessantemente pelos golpes dessa arma criada, especialmente, para ferir quem acreditava nos sonhos.

sábado, 3 de julho de 2010

amaDOR

Por Marlon Vila Nova

Logo que ele levantou da cama hoje, sabia que não seria um dia normal. Sua rotina permanecia imutável, mas ele sabia que algo estranho aconteceria. O que ele sentia era mais que uma sensação, era mais que suas aflições cotidianas. Aquele incômodo que ele sentia no peito estava mais forte que o normal. E doía. Tanto que a dor era quase tangível. Ele mal conseguia respirar.
E foi no meio do dia, quando uma notícia ruim veio à tona, que ele decidiu acabar com tudo. Quando enfim a coragem o permitiu perfurar seu peito com o punhal mais afiado, tudo acabou. De seu peito caiu algo pequeno que não parava de inchar. Aquele coração que crescia sem parar começou a tomar dimensões tão grandes que não cabia mais no peito dele. Nem em casa. Nem na rua.
Só depois de ter segurado forte em seu suposto coração, ele percebeu que voava pra longe da Terra, pra longe de tudo. E que conseguiria viver ali pra sempre. Completamente sem dor.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pinóquio

Por Avareza

Desde criança ele sabia ser um pouco diferente. De toda sua turma, era o único que não crescia. Mais tarde soube que não tinha mãe porque nunca havia nascido. Havia sido a criação mais estranha de seu pai, Jekyll, que ao finalizar, percebeu ter esquecido do nariz e colocou um pedacinho de madeira no lugar. Seu nome era Pinóquio. Recebera esse nome do pai, um cientista meio maluco, por causa do tão famoso bonequinho de madeira. Pinóquio não era bonito. E nem feliz. Não tinha amigos e nem a atenção do pai, que o considerava uma experiência não muito bem sucedida. Pinóquio quase não falava. As pessoas se assustavam com sua voz estranha.
Mais tarde Pinóquio percebeu que sua semelhança com o tal boneco de madeira era maior do que ele esperava. Seu nariz crescia sempre que ele maltratava alguém. Pra ele isso era o fim, já que ele não via nenhum motivo para ser simpático com as pessoas. Toda vez que seu nariz crescia, ele o serrava e escondia os pedaços de madeira não usados de seu pai, que costumava bater nele quando o via fazendo mal criações.
Em um dia de tédio, ele construiu uma cadeira com todos os pedaços decepados de seu nariz. Ficou tão satisfeito com o resultado que enxergou ali uma possibilidade. Começou a maltratar mais as pessoas para obter material para suas novas construções. Quando Jekyll começou a desconfiar dos novos hábitos de Pinóquio, ele despejou sobre o pai, enquanto ele dormia, uma de suas poções. Jekyll perdeu a fala e ficou desfigurado perdendo parcialmente os movimentos do corpo. Pinóquio mentia para os outros que seu pai havia viajado e aquele era um tio de longe que veio cuidar dele, chamado Hyde.
As pessoas começaram a se interessar pelos móveis que Pinóquio construía, e não demorou para que ele começasse a ganhar dinheiro dessa forma. Dois anos depois, ele já era dono de uma rede de lojas. Ele chegou a contratar um funcionário só para serrar seu nariz enquanto ele crescia incessantemente. Em contrapartida, era odiado cada vez mais por ser tão cruel com todos a sua volta, inclusive os funcionários de sua fábrica e lojas. Seu pai era alvo diário das crueldades de Pinóquio.
Ele estava ficando cada vez mais rico e, mesmo não sendo exatamente humano, começou a atrair a atenção de algumas moças interesseiras. A primeira, Alice, era linda. Tinha os cabelos loiros e olhos azuis turquesa. Mas acabou ficando louca quando Pinóquio a convenceu de que o gato dela, que havia morrido, aparecia sem corpo para conversar com ele, sempre com um sorriso no rosto.
A segunda ele nem lembrava o nome, só se lembrava que era branca como a neve. Essa ele fez acreditar que duendes existiam até o dia em que a moça fugiu para o Pantanal com os seus novos pseudo amigos desprovidos de altura.
Uma delas, Fiona, o deixou em paz quando ouviu dele que era daltônica. Ela não era, mas se sentiu aliviada por ter sido convencida de que tinha uma cor normal. Coitada! Ela era verde.
E desta forma Pinóquio ia afastando de algum jeito todas as que tentavam arrancar dele sua riqueza. Fez adormecidas perderem o sono, presenteou borralheiras com sapatilhas de madeira e até convenceu uma tal de Rapunzel de que cabelo chanel era a nova moda.
Um dia, ao caminho da fábrica, Pinóquio viu vários pedaços de madeira jogados do lado de fora, na rua. Indignado, ele percebeu que os pedaços de madeira formavam uma trilha. Seguiu-a furioso. A trilha o levava para uma casa de chocolate no meio da floresta. Ao entrar escondido percebeu que várias vozes conversavam sobre o fariam com ele. Uma fada azul tentava convencer uma fada madrinha a transformar Pinóquio em humano. Mas as outras fadas não aceitavam dizendo que ele nunca fora uma boa pessoa, mesmo nem sendo exatamente uma pessoa.
Quando ele ouviu a sugestão aceita pelas fadas, que veio de uma fadinha chamada Sininho, Pinóquio se virou para fugir. Nesse momento ele já estava em uma floresta que ele nunca saberia o nome de frente para um crocodilo que, estranhamente, não parava de fazer tic-tac.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil 2X1 Coréia do Norte

Por Vaidade

Acho que já fazia uns quatro anos que não assistia a um jogo de futebol, mas hoje voltei a fazê-lo. Não por muito tempo. Eu sou um desses que só assistem a jogos na Copa do mundo. E adoro! Confesso que só soube o time que íamos enfrentar momentos antes do jogo. Aliás, minutos antes do jogo eu ainda não sabia onde veria o jogo, até decidirmos - eu e meus amigos - por um barzinho aqui perto de casa. Foi uma ótima escolha, muito divertido.
Havia me esquecido de como o país fica bonito e patriota em mundiais de futebol. O que eu mais gosto na Copa é que o pais todo fica predominantemente amarelo. Não acho que o verde combine muito, mas como a camisa é quase toda amarela, eu nem reparo. Falando em figurino, e o Dunga, heim? Tava arrasando na escolha do dele. Adoro fazer parte de um país que veste amarelo, ganha mundiais e tem um técnico bem vestido.
Quando tocou o hino fiquei tão emocionado. Eu sempre me emociono com o hino nacional. Fiquei um pouco puto porque as pessoas não pararam de assoprar as vuvuzelas e não se levantaram na hora em que ele tocava. Meu amigo diz que é exagero, eu vejo apenas como um costume cívico que aprendi sendo educado em um colégio de freiras carmelitas.
Aí o jogo começou e tem todo aquele nervosismo de nada acontecer logo. Eu fico meio estressado em jogos, sabe? As pessoas não são acostumadas a me ver xingando muito, pode ser assustador. Mas quem não viu que aquele povo da Coréia caia só com o vento? E que o juiz adorava marcar falta só pra eles. Aí só porque o outro lá sangrou um pouquinho fez-se o drama. Qualquer um sabia que aquilo ali era um machucado que já existia e que ele só arrancou a casquinha pra fazer cena naquela hora. Até porque desde antes do jogo começar ele já tava chorando. Era tudo ensaio. Parece que só eu percebo algumas coisas, viu. Igual um outro lá que não parava de cuspir. Gente, que nojo! Todo chute que ele dava, era uma cuspida no chão. Que coisa desnecessária...
Mas o Brasil fez os gols, nós ganhamos e tal. Tudo ficou bem. Não do jeito que se esperava, é verdade. O povo ta meio acomodado, meio se achando, sei lá. Mas uma hora eles acordam. É sempre assim. E eu estarei por aí... sempre torcendo loucamente e assoprando vuvuzelas. E pra quem odeia as vuvuzelas eu pergunto como minha amiga Gigi Andrade: "se vocês não gostam de vuvuzelas, comemoram gols com o quê? Palmas cerimoniais?" Eu heim, to com a Gigi e não abro.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um dia frio...

Por Preguiça

Há dias tento atualizar isso aqui mas não consigo. Quando estou na rua e me vem uma idéia incrível na cabeça, eu já penso em todo o texto. Mas quando chego em casa nunca lembro nem do tema direito. Um saco!
Enfim... um dia eu volto com algo mais interessante e menos desestimulante.

domingo, 6 de junho de 2010

Destemido

Por Gula

Sabe quando você conhece alguém que te faz lamentar o incontrolável fato de não tê-lo conhecido desde sempre, só pra poder ter compartilhado todos os momentos importantes que ele viveu? Quando essa pessoa te faz sentir ciúmes até dos amiguinhos de escola que ela teve só porque você não estava entre eles?
É quando você começa a sentir falta da infância. Mas, como as lembranças da infância ainda existem, você pode voltar no tempo e ter a sensação de que, finalmente, você conhece aquela pessoa desde sempre, afinal, vocês compartilham juntos lembranças infantis. De repente você não se recorda mais de como suas mãos se aqueciam antes, sem ter as dele por perto, sempre quentinhas. E a cidade toda fica muito mais fria quando ele está longe.
E aí você percebe que independente da forma que isso aconteça, essa pessoa agora faz parte da sua história. E de que vale o passado quando ainda se tem todo o futuro?
E aí, quando você começa a ter medo só porque, dessa vez, você não está com medo, ele te paga um Mc Lanche Feliz.

sábado, 29 de maio de 2010

Com limites

Por Vaidade

"Não consigo molhar os pés apenas,

eu mergulho e só paro quando me afogo,

eu me queimo e só paro quando derreto,

eu me jogo e só paro quando me param."

Martha Medeiros

Minha mãe me mandou esse poema e disse que era minha cara. Eu digo que quase é. A minha diferença pra Martha Medeiros é que eu não chego a me afogar ou derreter. E jamais deixo que os outros me parem.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Amo muito tudo isso!

Por Inveja

A exemplo de que o mundo anda se adaptando e acostumando com a idéia de que ninguém é igual a ninguém e ninguém deve ser julgado por isso, a gigantesca rede de fast food McDonalds, acaba de lançar, na França, um comercial voltado para o público gay.
Nele, um jovem está na lanchonete vendo uma foto com várias pessoas. Recebe uma ligação e diz que está com muitas saudades enquanto acaricia alguém na imagem. Logo, diz que precisa desligar porque o pai está vindo.O pai chega e diz: É a foto da sua turma? Eu me parecia com você na sua idade. As garotas eram loucas por mim. Pena que só há meninos na sua classe. Você faria muito sucesso. A resposta do jovem é um sorriso de quem não discorda nem concorda com a afirmação. Por fim, um slogan aparece: Venha como você é.
O comercial é bonito, sem estereótipos e nada agressivo. Um comercial normal, bem feito e de bom gosto. É uma pena sabermos que, esse tipo de coisa, nem tem chance de entrada no Brasil.
Abaixo segue o vídeo do comercial em questão, infelizmente, sem legendas.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pai!

Por Preguiça

Onde foi que disseram que eu tinha que ser assim, tão paterno em relação a minhas amizades? Quando foi que estabeleceram que eu me tornaria responsável por impedir o sofrimento de quem estivesse a minha volta? Talvez a falta de uma presença paterna real, e não apenas física, tenha me feito desenvolver essa responsabilidade, já que sou o primogênito de quatro filhos. Talvez o fato de estar cercado de pessoas mais novas que eu, me torne mais experiente. Talvez seja pura prepotência minha em achar tudo isso.
O fato é que não suporto ver meus amigos passarem por tudo aquilo que já passei, pelos mesmo buracos que pisei, errar os caminhos que já errei. Mas também quem disse que eu saberia que todos esses caminhos não eram bons se eu não os tivesse vivido pessoalmente? E por isso, e só por isso, eu os deixo cair. Com dor no peito em saber o quanto vão se machucar. Mas eu tenho curativos de sobra. E vou continuar aqui preparando ataduras... enquanto eu as tiver.

domingo, 9 de maio de 2010

Feliz dia das mães!!

Por Marlon Vila Nova



No dia de hoje homenageio minha mãe com esse vídeo de uma das propagandas mais emocionantes que já vi até hoje. Parabéns à Renner, que me fez lembrar de momentos incríveis que vivi com minha mãe ao longo de toda minha vida, e parabéns a minha mamãezinha, pelo dia dela.
PS: Minha mãe fez um blog pra ela hoje, em breve colocarei o link aqui.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Too good to be truth

Por Vaidade

E se a resposta pro meu futuro estiver nos erros do passado? Essa pergunta de repente começou a me assombrar. Ao contrário da maioria das pessoas que queimam cartas e abominam lembranças de relacionamentos anteriores, eu estou cercado de pessoas maravilhosas que se relacionaram comigo. Não existe nenhuma (ok, só uma) delas que eu não goste e não queira ter por perto.
Será que isso faz com que seja eu a pessoa abominável da relação? Sim, porque se alguém tem que ser o ruim da história e eu nunca os vejo assim, será que o errado sou eu? Talvez por isso todos namorem e são felizes em algum momento, menos eu.
Meu último relacionamento considerável terminou há dois anos, e desde então nada acontece. Dezenas de pessoas já passaram pela minha vida como quem cruza a avenida Paulista rumo à Concolação, e nada mais.
Me julgaram exigente demais. Terei sido eu o motivo por todos os fins? E se eu resolver voltar atrás e reconsiderar alguns erros que, talvez, no fundo, não sejam assim tao ruins? Seria bom senso ou desespero? Afinal, o certo seria reconsiderar para se estar acompanhado, ou isso seria o mesmo que estar mal acompanhado apenas para não estar só?
Se todos ao meu redor insistem em detonar minha modéstia me fazendo admitir que sou mesmo bonito, inteligente, independente, educado, simpático, determinado, corajoso, maduro e desejável, só me resta concordar com a melhor das manifestações ao meu caso nos últimos tempos: Eu sou mesmo muito bom pra ser verdade.
Droga!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bella Paulista

Por gula

E a viagem pra Salvador foi incrível. Eu sempre achei que não fosse gostar muito daquele lugar, mas tenho que admitir que é tudo o que dizem. E, como se o cansaço de dançar praquela multidão e depois ainda enfrentar horas de voo não fosse suficiente, ainda decidi ir pra balada direto do aeroporto.
Minha segunda feira estava quase perdida quando acordei às 18h com um telefonema da minha bonequinha chamando pra encontrá-la na nossa padaria preferida. Há muito tempo não nos encontrávamos só os dois pra conversar e comer aquele buffet incrível e interminável.
E justo quando nosso mundo parecia se resumir àquilo, chega, em uma mesa ao lado, alguém que reúne algumas das características que me dariam segurança de estabilidade em um relacionamento. A camiseta gola em V deixava notar que a academia era frequentada regularmente, um sorriso no rosto demostrava aquela simpatia digna de pessoas agráveis, e os óculos de grau davam o charme intelectual que precisava pra eu ter certeza de que não me entediaria ao lado dele.
Depois de comentar com minha amiga sobre ele, decidimos ir embora. Na fila do caixa, ela revela que tinha pedido a um garçom pra entregar um bilhete (meu amigo namoraria com alguém como você) com meu telefone pro cara. Depois de tentar matá-la, fomos olhar pelo vidro a reação dele.
E chegamos bem a tempo de ver o garçom entregando o papel pro cara errado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Que seja eterno, se possível

Por Preguiça

Quem disse que o amor nunca morre pode estar até correto; realmente ainda não passei por nenhum exemplo contestável. Mas posso garantir que o que o precede anda falecendo bastante. Talvez por isso não tenhamos ouvido falar tanto de amor ultimamente.
Há um mês atrás recebi a notícia de que uma pessoa com a qual havia tido uma espécie de 'relacionamento não vingado' havia falecido. Fiquei triste, apesar de não termos mais contato. Hoje, um mês depois, recebo uma notícia igual, só que com outra pessoa (obviamente), que também cheguei a ter o mesmo tipo de relação. Também não tínhamos mais contato, mas a notícia me abalou. Nunca fui de ter muito contato com a morte, e talvez por essa distância sempre achei que saberia trabalhar bem com ela. Ainda acho... eu acho.
O fato é que, de uma forma ou de outra, as coisas têm se findado ao meu redor. E hoje percebi sem querer que tenho sempre consciência de que as coisas vão acabar um dia. Talvez por isso eu saiba aproveitá-las melhor enquanto duram. Talvez por isso eu não aposte tanto em possibilidades que poderiam dar certo. Talvez por isso esses precedentes de amor nunca chegaram a se tornar um amor completo, de fato.
Considerando que partes do que compõe minha história andam partindo, eu só espero que sobre um pouquinho de mim para viver um amor de verdade um dia, seja lá isso o que for.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quanto custa um amor?

Por Avareza

Em uma segunda feira normal, onde não se tem muito o que fazer mesmo que você more em São Paulo, levar minha irmã na rodoviária virou o programa do dia. Por sorte, um amigo resolveu acompanhar-me no meu "passeio".
Na volta, como se um segunda feira já não fosse chata o bastante, o ex namorado resolve aparecer no visor do celular do pobre coitado.
Ligação terminada e desabafos iniciados, decidimos que nossa missão do dia era conseguir um programa interessante onde existissem pessoas disponíveis... numa segunda feira. Será que só se esquece uma pessoa em definitivo quando aparece outra? A resposta pra essa pergunta era justamente o objetivo da noite.
Andando pela avenida Paulista às 19h da noite, quando milhares de pessoas interessantes, - disponíveis ou não - estão à solta, um ser interessantíssimo - disponível ou não - vem em nossa direção como um presente em resposta a um pedido feito ao Universo... e nos entrega um papel.
O folder de Dona Natália prometia solucionar difíceis problemas amorosos, casos íntimos a resolver, depressão e ainda dizia trazer a pessoa amada, além de fazer e desfazer amarração para o amor. Tudo em sigilo absoluto. E ao invés de gastarmos em torno de R$50,00 para entrar e consumir em algum bar da região afim de conseguir pretendentes, dona Natalia o fazia por R$20,00.
Então é isso? Um grande amor hoje em dia vale R$20,00? De repente ficou explicado o fato daquela colega de trabalho horrorosa ter um namorado firme.
Bem, acabamos não saindo pra lugar nenhum. E não ligamos pra dona Natália, claro. Não acho que conseguiria aceitar um amor comprado por R$20,00. Mas guardei o folder, de qualquer forma. Talvez um dia resolva pedir o telefone do entregador de fôlderes dela... se for de graça.

sábado, 3 de abril de 2010

Círculo tedioso

Por Preguiça

É quando não se espera que ele aparece. Completamente improvável, faz tudo parecer perfeito. E já que é perfeito, ele aparece no visor do seu celular no dia seguinte, claro. E diz que adorou te conhecer. E quer te ver de novo.
E quando o "de novo" acontece é ainda melhor. Você descobre que ele é diferente do que você esperava. Melhor. E as ligações ainda se repetem todos os dias, durante uma semana... duas. E exatamente quando você começa a acreditar que finalmente as coisas podem mesmo dar certo, quando vc já lê o horóscopo dele logo depois do seu e quando seus planos de happy hour dependem da folga semanal dele, ele precisa falar com você.
E é nessa conversa que você vira uma pessoa incrível que ele não quer nunca machucar e prefere sempre ser sincero contigo. Resumindo, ele não está pronto pra uma relação. Mas claro que não é culpa sua, é sempre algo errado com ele. Algo que ele não sabe explicar e blá, blá, blá.
E aí tudo bem. Você percebe que, na verdade, só estava camuflando todas as provas de que não daria certo porque, no fundo, você queria que desse certo. Não com ele especialmente, mas com qualquer um. E já que ele estava tão disponível, podia ser ele. Mas já que não foi, tudo bem também. Você nem queria mesmo tanto assim.
E aí você esquece mais rápido do que o esperado e se dedica a sair com seus amigos. Volta a frequentar teatros e baladas nos horários que te der vontade. Começa a passear só pelo prazer agradável da companhia de quem você sabe que não vai te deixar. Começa a frequentar bares porque é bom pra se reunir com seus amigos. E aí é lá, no bar, que você vê alguém, do outro lado. Os olhos se cruzam e um sorriso no canto da boca aparece. Ele vem até você e apesar de completamente improvável, faz tudo parecer perfeito. E já que é perfeito, ele aparece no visor do seu celular no dia seguinte, claro. E diz que adorou te conhecer. E quer te ver de novo.

sábado, 20 de março de 2010

O despertar de mim

Por Preguiça

De nada adianta querer alçar voos se eu não exercitar minhas asas. Eu sei que tenho todas as qualificações para ser bem sucedido em todos os aspectos que escolhi me aprimorar até hoje. Mas nunca é o suficiente. O tempo não para e com ele, ninguém para. Só eu.
Quanto mais durmo, mais sono tenho. Quanto mais não saio de casa, mais evito pisar na rua. E quanto mais preguiça me dá, com mais preguiça eu fico.
Decidi escrever aqui meu defeito mais aparente ultimamente pra ver se acordo pra vida. A partir de hoje vou tentar voltar à ativa. E podem me cobrar.
PS: Não aceitem minhas desculpas. Eu sou muito persuasivo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Anjo e demônio

Por Luxúria

Os cabelos eram loiros e compridos. A pele, impecável. O corpo era angustiantemente perfeito. Era impossível não sustentar um dilema interno só de olhar a personificação do ideal de perfeição se aproximar de mim rápido demais. Embora o crime não estivesse claro pra mim, eu era o único capaz de deter meu objeto de desejo de sua fuga.
Eu sentia raiva, e isso era tão claro em mim. Quando joguei seu corpo contra a parede e segurei suas mãos pra cima a fim de imobilizar seu corpo, meus lábios ficaram perto demais dos lábios mais irresistíveis que existirão um dia. E nossos corpos amoleceram. Nenhum de nós sabia mais se queria realmente se soltar ou sair dali. Em um segundo foi como se nos conectássemos mentalmente. A briga se confundia entre prisão, libertação e excitação. E de repente o objetivo era quem resistiria mais. E seus lábios vieram cínicos em direção aos meus. Virei meu rosto um segundo após sentir o gosto que nunca mais saiu de mim. Propositalmente um segundo após. Queria me entregar. Nem me lembrava do início daquilo, mas estava totalmente consciente de onde queria que terminasse, mas os olhos que me secavam pelas costas me impediam de prosseguir com meu desejo. Não podia prosseguir com aquilo na frente da minha mãe.
Nossos corpos caíram no mármore gelado do chão. Rolávamos nos debatendo quando percebi uma tesoura em sua mão direita. Consegui mais uma vez me livrar da arma, mas nossos movimentos bruscos me entorpeciam de desejo pelo seu corpo seminu embaixo do meu.
Quando consigo me livrar da tentação que ri maliciosa na minha frente, acordo de meu sonho com a certeza de aquele foi o momento mais excitante da minha vida. Espero que, caso algum dia aconteça de verdade, eu não esteja - de novo - dentro de uma igreja.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O mesmo lado do oposto

Por Gula

Um grito histérico me tira o sono do fim de tarde. Meu amigo me pede pra confirmar se é ou não o namorado dele com um perfil no "disponível.com" - aberto no computador - através de uma foto mal focada. A raiva toma conta dele enquanto eu tento descobrir que sentido fazem os relacionamentos de hoje. Quer dizer que ele descobriu um perfil do namorado em um site de pegação enquanto ele navegava pelo mesmo site? Que direitos tem ele de cobrar alguma coisa?
- É diferente, eu não estou procurando por sexo, só estou olhando - Me responde ele.
Aham!
"O ruim de resistir a uma tentação é que pode não se ter uma segunda chance." - li hoje no twitter, antes do episódio acima acontecer. É exatamente isso. Enquanto a maioria das pessoas reclama da falta de pessoas interessadas em compromisso, essas mesmas pessoas não querem abdicar das facilidades que o mundo oferece em se satisfazer sexualmente.
Namorar hoje em dia não quer dizer só ter alguém interessante com quem assistir filme num domingo a tarde. Significa resistir. Resistir muito. Qualquer um que saia de casa hoje em dia sabe que em todos os lugares há corpos sendo oferecidos. De preferência se for rápido ao ponto de se dispensarem os cumprimentos. E aí só porque seu domingo a tarde já está ocupado você tem que deixar de aproveitar aquela terça feira a noite?
Essa infestação gay no mundo é a prova de que chegou a hora dos homens provarem do seu próprio veneno. Com um olhar um pouco imparcial percebe-se que os homens se irritam hoje em dia pelos mesmos motivos que provocam irritação. É uma via de mão dupla de sofrimento onde só se salva quem consegue resistir.
As mulheres sabem exatamente o que é isso desde sempre. Não é da natureza masculina ser muito sensível aos interesses do sexo oposto. O problema é que, no caso de um relacionamento gay, não existe sexo oposto.

domingo, 7 de março de 2010

Quem sabe?

Por Marlon Vila Nova

Ninguém sabe o quanto eu sou disposto a amar.
Ninguém me da a chance de provar.
Ninguém me deixa mudar meus rumos,
nem me ajuda a sonhar,
nem me permite realizar,
e nem me da uma chance de verdade,
... só pra poder provar o quanto eu estou disposto a amar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Minha bonequinha

Por Marlon Vila Nova

Eu te amo TANTO
que desamo às vezes
Sabe começo de relacionamento
quando ninguém se desentende
não porque tudo é perfeito
mas porque não se conhecem direito?

Eu te amo TANTO
que desamo às vezes
Aí essa fase passa
A paciência acaba
O dinheiro acaba
Mas te ver dormir não me da sono.

Eu te amo TANTO
que desamo às vezes
Porque seu cabelo é mais lindo que antes
mesmo seu carinho sendo um pouco menor.
Porque seu bolo de cenoura não é o melhor do mundo
mas é o melhor do meu mundo.

Eu te amo TANTO
que desamo às vezes
só pra poder amar de novo depois.

Agora acorda
você precisa ir trabalhar.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ilusões

Por Gula

"Quem diz que o tempo traz apenas desilusões, é que não tem feito outra coisa senão iludir-se".
Autor desconhecido

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vergolha alheia

Por Ira

Quem acompanha o Big Brother 10 deve ter visto na última votação, que foi aberta, um espelho do que acontece nesse país de quatro em quatro anos. Nem o Uillian conseguiu responder o porque de ter levado 6 votos, que o levaram ao paredão. É tão simples que eu respondo. Ele levou seis votos porque os votos foram abertos. Assim que o primeiro e o segundo votaram nele, os outros automaticamente preferiram não se expor e não "eliminar" seus votos votando no mesmo candidato.
Ele levou tantos votos pelo mesmo motivo que nosso atual presidente conseguiu ser eleito. Pelo senso comum. Pela falta de personalidade do povo que vota. "Porque eu vou votar em outra pessoa se já estava claro que quem ia ganhar ia ser ele?" Um questionamento idiota e fraco de quem não sabe lidar com o poder que tem nas mãos e não liga em ser marionetes do senso comum. E foi exatamente essa a explicação que o Dicesar deu pro emparedado, provando ter o medo de se expor que não deveria ter uma drag queen tão famosa. Medo esse que não teve a Angélica. É uma pena mesmo perceber que ela é mais "macho" que o resto dos bundões da casa. Confesso que não esperava essa fraqueza do Serginho, mas o resto não me surpreendeu.
Esse é - de novo - ano eleitoral. Cansa, é verdade, mas que outra chance temos de tentar melhorar essa bosta toda se ninguém mais se expõe pra reivindicar hoje em dia? Já que ninguém vai conferir o que está sendo feito depois, e mesmo que discubram algo errado, nada vai ser feito, pelo menos deveríamos escolher os que tentariam acertar.
Bruno Mazzeo nos questionou com um retweet interessante: "Na boa? O que o Arruda precisa fazer para finalmente ser preso? Degolar o Padre Zezinho ao vivo na Globo?"
Na verdade nós precisamos colocar a Angélica em Brasília. Pelo menos parece ser a única saída.

formspring.me

Ask me anything http://formspring.me/MarlonVilaNova

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Inconstância

Por Gula

Ele não tinha a menor intenção de se envolver com ninguém. Quanto menos vínculos tivesse, mais fácil seria. Mas, como as intenções racionais nunca foram mais fortes que suas ânsias incontroláveis, ele cedeu. Se entregou. Mais do que deveria ter feito. Agora não sabe ao certo se o que sente é dúvida, ou certeza de que seus obejtivos mudaram.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Wake me up when september ends

Por Preguiça

"Logo você que ta sempre correndo, elétrico..."
Depois dessa frase decidi assumir que algo anda me tirando o ânimo. De tudo. Pra tudo.
E logo eu que sempre fui tão animado. As pessoas acabam reparando. Meus amigos, pelo menos. Quero dizer; os que me conhecem, pelo menos.
Nenhuma balada me anima, nenhum filme me estimula. Nem o teatro anda me envolvendo.
A Gambiarra (festa) volta amanhã das férias. Nem pra ir pra lá eu to animado.
Doente eu sei que não estou. Me falta algo. O tempo todo me sinto aflito querendo algo que não sei o que é. Querendo comer algo que não acho em lugar nenhum. Querendo ir pra um lugar que suspeito nem existir. Acabo dormindo mais do que devia, me comprometendo a fazer no dia seguinte as coisas que acabo não fazendo, faxinando a casa, decorando a casa, pensando na casa, e lendo. Compulsivamente.
Confesso que demorei dias pra me animar a escrever aqui. Já que ando nesse desânimo todo, me animei a pelo menos escrever sobre isso.
No fundo eu sei o que falta. Ocupação.
Alguém me emprega, por favor?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sei lá

Por Gula

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... sei lá de quê!"
Florbela Espanca

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Cansei-me

Por Preguiça

Cansa, né?
Ter que se arrumar pra sair
Pensar em cores e cheiros
texturas e tamanhos
Só pra se ser notado.

Cansa, né?
Ler sobre os acontecimentos
Aprender Inglês
melhorar o Português
Só pra se ser lembrado.

Cansa, né?
Ter que fingir que não quer
Ter que fingir que é bom
Ter que fingir que quer
Só pra se ser desejado.

Cansa...
Prefiro não sair
estudar ou fingir.
Mas ficar sozinho
cansa, né?

domingo, 10 de janeiro de 2010

Para você, C!

Por Avareza

"(...)
Eu já tive que fazer meu coração desistir várias vezes.
E enquanto eu não me propus a fazer algo pra ocupar o espaço que antes se destinava a pensar no que eu não podia mais, eu não consegui mudar essa "vontade" do meu coração."

By Marlon Vila Nova

O que eu queria?

Por Inveja

Hoje só queria poder ter alguém pra deitar quietinho ao meu lado na cama até dormirmos de tanto carinho.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Organismos desordenados

Por Luxúria



Lendo o blog de um querido (Cleyton) li o seguinte: "Namorar tá difícil... E eu ando com preguiça pra sexo casual e sem paciência pra gente mais ou menos."

Concordei de imediato. Namorar está cada vez mais difícil. E quanto ao sexo casual... bem, essa parte eu não conheço muito bem. Mas já perdi completamente a paciência com "gente mais ou menos".

Nesse reveillon quis virar o ano de cueca rosa. Comprei uma. Linda. Tudo pra ver se a sorte da virada do ano me ajuda a arrumar um amor de verdade. Nem que seja pra eu poder morrer dizendo que vivi um.

A frase do Cleyton martelou bastante em minha cabeça essa semana. O amor ta complicado e isso eu já percebi há tempos. Mas e o tal sexo casual? Comecei a me sentir estranho por nunca ter sido tão sexualizado quanto meus amigos sempre foram.

Lendo uma revista mensal voltada para o público gay, li hoje a tarde uma reportagem onde repórteres da revista experimentavam sites de relacionamentos (lê-se pegação) e escreviam suas experiências. Decidi experimentar. Depois de um tempo em uma sala de bate papo acabei indo parar em um apartamento na República.

Todo o esforço para me parecer mais familiarizado com aquela situação inédita foi desnacessário. A noite foi absolutamente incrível. Tudo aconteceu de uma forma muito natural, provavelmente pela experiência do anfitrião em receber convidados noturnos.

Uma conversa pré-sexual agradável nos conduziu à atração mútua. Algum tempo depois conversávamos sobre seriados de TV como amigos de infância - se desconsiderar o fato de que estávamos nús. Me senti um pouco Michael Pitt em The Dreamers. Discutimos de política a cinema.

Tudo que eu tinha fantasiado foi surpreendentemente diferente. E bom. Conversamos durante mais de uma hora e descobri uma pessoa interessantíssima, culta, inteligente, bonita... e desacreditada no amor. O que nunca deixa de me entristecer.

"Relacionamentos são organismos desordenados" - disse. "Jamais vai haver um equilíbrio, e por isso nunca vão dar certo. Um sempre vai amar mais que o outro e sempre vai chegar mais alguém que vai trazer consigo o fim."

No final da noite, volto pra casa feliz por ter ocorrido tudo bem na minha primeira aventura "cibernética-real", mas meio desapontado em perceber que, se só eu continuar acreditando que duas pessoas podem ser felizes juntas, vou ter que acabar desenvolvendo uma bipolaridade pra conseguir feliz com outra pessoa, nem que essa pessoa seja eu mesmo.
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