quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pinóquio

Por Avareza

Desde criança ele sabia ser um pouco diferente. De toda sua turma, era o único que não crescia. Mais tarde soube que não tinha mãe porque nunca havia nascido. Havia sido a criação mais estranha de seu pai, Jekyll, que ao finalizar, percebeu ter esquecido do nariz e colocou um pedacinho de madeira no lugar. Seu nome era Pinóquio. Recebera esse nome do pai, um cientista meio maluco, por causa do tão famoso bonequinho de madeira. Pinóquio não era bonito. E nem feliz. Não tinha amigos e nem a atenção do pai, que o considerava uma experiência não muito bem sucedida. Pinóquio quase não falava. As pessoas se assustavam com sua voz estranha.
Mais tarde Pinóquio percebeu que sua semelhança com o tal boneco de madeira era maior do que ele esperava. Seu nariz crescia sempre que ele maltratava alguém. Pra ele isso era o fim, já que ele não via nenhum motivo para ser simpático com as pessoas. Toda vez que seu nariz crescia, ele o serrava e escondia os pedaços de madeira não usados de seu pai, que costumava bater nele quando o via fazendo mal criações.
Em um dia de tédio, ele construiu uma cadeira com todos os pedaços decepados de seu nariz. Ficou tão satisfeito com o resultado que enxergou ali uma possibilidade. Começou a maltratar mais as pessoas para obter material para suas novas construções. Quando Jekyll começou a desconfiar dos novos hábitos de Pinóquio, ele despejou sobre o pai, enquanto ele dormia, uma de suas poções. Jekyll perdeu a fala e ficou desfigurado perdendo parcialmente os movimentos do corpo. Pinóquio mentia para os outros que seu pai havia viajado e aquele era um tio de longe que veio cuidar dele, chamado Hyde.
As pessoas começaram a se interessar pelos móveis que Pinóquio construía, e não demorou para que ele começasse a ganhar dinheiro dessa forma. Dois anos depois, ele já era dono de uma rede de lojas. Ele chegou a contratar um funcionário só para serrar seu nariz enquanto ele crescia incessantemente. Em contrapartida, era odiado cada vez mais por ser tão cruel com todos a sua volta, inclusive os funcionários de sua fábrica e lojas. Seu pai era alvo diário das crueldades de Pinóquio.
Ele estava ficando cada vez mais rico e, mesmo não sendo exatamente humano, começou a atrair a atenção de algumas moças interesseiras. A primeira, Alice, era linda. Tinha os cabelos loiros e olhos azuis turquesa. Mas acabou ficando louca quando Pinóquio a convenceu de que o gato dela, que havia morrido, aparecia sem corpo para conversar com ele, sempre com um sorriso no rosto.
A segunda ele nem lembrava o nome, só se lembrava que era branca como a neve. Essa ele fez acreditar que duendes existiam até o dia em que a moça fugiu para o Pantanal com os seus novos pseudo amigos desprovidos de altura.
Uma delas, Fiona, o deixou em paz quando ouviu dele que era daltônica. Ela não era, mas se sentiu aliviada por ter sido convencida de que tinha uma cor normal. Coitada! Ela era verde.
E desta forma Pinóquio ia afastando de algum jeito todas as que tentavam arrancar dele sua riqueza. Fez adormecidas perderem o sono, presenteou borralheiras com sapatilhas de madeira e até convenceu uma tal de Rapunzel de que cabelo chanel era a nova moda.
Um dia, ao caminho da fábrica, Pinóquio viu vários pedaços de madeira jogados do lado de fora, na rua. Indignado, ele percebeu que os pedaços de madeira formavam uma trilha. Seguiu-a furioso. A trilha o levava para uma casa de chocolate no meio da floresta. Ao entrar escondido percebeu que várias vozes conversavam sobre o fariam com ele. Uma fada azul tentava convencer uma fada madrinha a transformar Pinóquio em humano. Mas as outras fadas não aceitavam dizendo que ele nunca fora uma boa pessoa, mesmo nem sendo exatamente uma pessoa.
Quando ele ouviu a sugestão aceita pelas fadas, que veio de uma fadinha chamada Sininho, Pinóquio se virou para fugir. Nesse momento ele já estava em uma floresta que ele nunca saberia o nome de frente para um crocodilo que, estranhamente, não parava de fazer tic-tac.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil 2X1 Coréia do Norte

Por Vaidade

Acho que já fazia uns quatro anos que não assistia a um jogo de futebol, mas hoje voltei a fazê-lo. Não por muito tempo. Eu sou um desses que só assistem a jogos na Copa do mundo. E adoro! Confesso que só soube o time que íamos enfrentar momentos antes do jogo. Aliás, minutos antes do jogo eu ainda não sabia onde veria o jogo, até decidirmos - eu e meus amigos - por um barzinho aqui perto de casa. Foi uma ótima escolha, muito divertido.
Havia me esquecido de como o país fica bonito e patriota em mundiais de futebol. O que eu mais gosto na Copa é que o pais todo fica predominantemente amarelo. Não acho que o verde combine muito, mas como a camisa é quase toda amarela, eu nem reparo. Falando em figurino, e o Dunga, heim? Tava arrasando na escolha do dele. Adoro fazer parte de um país que veste amarelo, ganha mundiais e tem um técnico bem vestido.
Quando tocou o hino fiquei tão emocionado. Eu sempre me emociono com o hino nacional. Fiquei um pouco puto porque as pessoas não pararam de assoprar as vuvuzelas e não se levantaram na hora em que ele tocava. Meu amigo diz que é exagero, eu vejo apenas como um costume cívico que aprendi sendo educado em um colégio de freiras carmelitas.
Aí o jogo começou e tem todo aquele nervosismo de nada acontecer logo. Eu fico meio estressado em jogos, sabe? As pessoas não são acostumadas a me ver xingando muito, pode ser assustador. Mas quem não viu que aquele povo da Coréia caia só com o vento? E que o juiz adorava marcar falta só pra eles. Aí só porque o outro lá sangrou um pouquinho fez-se o drama. Qualquer um sabia que aquilo ali era um machucado que já existia e que ele só arrancou a casquinha pra fazer cena naquela hora. Até porque desde antes do jogo começar ele já tava chorando. Era tudo ensaio. Parece que só eu percebo algumas coisas, viu. Igual um outro lá que não parava de cuspir. Gente, que nojo! Todo chute que ele dava, era uma cuspida no chão. Que coisa desnecessária...
Mas o Brasil fez os gols, nós ganhamos e tal. Tudo ficou bem. Não do jeito que se esperava, é verdade. O povo ta meio acomodado, meio se achando, sei lá. Mas uma hora eles acordam. É sempre assim. E eu estarei por aí... sempre torcendo loucamente e assoprando vuvuzelas. E pra quem odeia as vuvuzelas eu pergunto como minha amiga Gigi Andrade: "se vocês não gostam de vuvuzelas, comemoram gols com o quê? Palmas cerimoniais?" Eu heim, to com a Gigi e não abro.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um dia frio...

Por Preguiça

Há dias tento atualizar isso aqui mas não consigo. Quando estou na rua e me vem uma idéia incrível na cabeça, eu já penso em todo o texto. Mas quando chego em casa nunca lembro nem do tema direito. Um saco!
Enfim... um dia eu volto com algo mais interessante e menos desestimulante.

domingo, 6 de junho de 2010

Destemido

Por Gula

Sabe quando você conhece alguém que te faz lamentar o incontrolável fato de não tê-lo conhecido desde sempre, só pra poder ter compartilhado todos os momentos importantes que ele viveu? Quando essa pessoa te faz sentir ciúmes até dos amiguinhos de escola que ela teve só porque você não estava entre eles?
É quando você começa a sentir falta da infância. Mas, como as lembranças da infância ainda existem, você pode voltar no tempo e ter a sensação de que, finalmente, você conhece aquela pessoa desde sempre, afinal, vocês compartilham juntos lembranças infantis. De repente você não se recorda mais de como suas mãos se aqueciam antes, sem ter as dele por perto, sempre quentinhas. E a cidade toda fica muito mais fria quando ele está longe.
E aí você percebe que independente da forma que isso aconteça, essa pessoa agora faz parte da sua história. E de que vale o passado quando ainda se tem todo o futuro?
E aí, quando você começa a ter medo só porque, dessa vez, você não está com medo, ele te paga um Mc Lanche Feliz.
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