quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para Ele

Por Marlon Vila Nova

Eles nunca foram exatamente amigos. A mãe diz que, quando o menino nasceu, ele era o homem mais feliz do mundo. Brincava com o garoto o dia todo. Não se sabe exatamente quando começaram a não ser mais felizes juntos. Talvez tenha sido porque, como ele disse um dia, o menino tenha se descoberto "diferente".
O menino cresceu com esse afastamento e pouquíssimas lembranças de afeto existem na memória dele. Cresceram com o costume de, apesar de conviverem juntos, não se relacionarem. Nos aniversários do menino ele sempre o parabenizava, mas o garoto sempre soube que era a mãe que o lembrava da data. Ele sempre perguntava pro garoto quantos anos ele estava fazendo e dizia: "Mas ta velho, heim?". O garoto sempre respondia: "Velho está você que tem um filho ficando velho." E riam juntos.
Ele não tinha o costume de presentear. Sempre disse que era desnecessário já que o menino era presenteado diariamente com roupa, casa e comida. Mas o garoto nunca se esqueceu de que ganhou uma bicicleta de Natal quando era criança. Foi a primeira bicicleta dele.
O garoto cresceu, se mudou de cidade pra estudar e o relacionamento dos dois ficou ainda mais distante. A última vez que se viram e se falaram foi no natal do ano passado. E já estavam em julho.
Quando o garoto acordou com a mãe informando do acidente dele, achou que fosse desmaiar. Por um segundo, o chão pareceu não existir mais. Estranho. Ele não sabia que aquele sentimento forte por ele ainda existia. Durante o dia, lembrou do sorriso no dia da bicicleta. Lembrou das risadas no telefone no dia dos aniversários. Lembrou de como ele estava feliz e dançava sozinho na pista no dia da formatura do garoto. Tão orgulhoso!
"Graças a Deus ele não se foi!" - pensava o menino chorando em silêncio e percebendo o amor que, mesmo adormecido em mágoas, ainda existe por ele.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um dia frio

Por Preguiça

Os dias andam cada vez mais frios. Eu gosto do frio. Mas não gosto de sentir frio. Gosto de me aquecer no frio. Mas anda tão frio. Seria bem mais fácil me aquecer com outro corpo, já quente.
Eu visto 3 blusas. E touca. E cachecol. E luvas, eu tenho as mãos muito geladas. Eu esquento a comida bastante antes de comer. Como bem rápido pra não esfriar. As coisas são mais difíceis no frio. Levantar é torturante. Lavar o rosto é torturante. Escovar os dentes dói. Levar bronca desestimula. Tudo dói mais no frio.
Hoje o dia foi tão legal. Tava mais frio que o normal, mas eu dancei. Tanto! Ressuscitei do bolso esquecido da mochila, meu ipod. No metrô um ballet vencia em altura o som dos meus fones. Era um querido dançando O Corsário. Tão lindo! No vagão o loiro bonito se levantou pra moça se sentar. Tão cortês! No fim do dia uma visita agradável e um filme que me faz verter em lágrimas diante de puro romance. Tão emocionante!
É engraçado como a vida se encarrega de compensar os contratempos que ela própria provoca.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Eu já sabia

Por Inveja

Semana após parada gay é ótimo. Você vê milhões de reportagens na TV falando de como foi lindo e como tudo está dando certo pra nós, né? Aham! Enfim... em uma das reportagens que eu assisti essa semana, mostrava um casal gay que tinha sido agredido durante a parada. Levantei na mesma hora um questionamento. O que leva um idiota desses a agredir uma pessoa só pelo fato de ela estar andando de mãos dadas com outra pessoa do mesmo sexo? Eu não consigo entender como isso vira um motivo de agressão. Dois amigos tentaram me dar razões de como a mente de um doente desses funciona mas não me convenceram.
Um texto do Dráuzio Varella anda circulando pelo facebook essa semana falando sobre o mesmo assunto. Adoro e concordo com tudo que ele escreveu e a maneira sensível como ele mostrou todos os fatos. O texto termina maravilhosamente bem dizendo: "a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?"
Após ler o texto, associado à lembrança da reportagem que lembrei ter assistido, resolvi pesquisar o que falam os estudos que já foram feitos a respeito.
Existe uma pesquisa feita em 1996 pela Universidade da Geórgia, nos EUA, que constatou (Lê-se DESCOBRIU, PROVOU, ESFREGOU NA CARA DA SOCIEDADE) que pessoas homofóbicas têm desejos sexuais por pessoas do mesmo sexo. Os cientistas (fofos) responsáveis pela pesquisa, Henry E. Adams, Lester W. Wright Jr., e Bethany A. Lohr, do Departamento de Psicologia da universidade, afirmaram que esse comportamento imbecil “está aparentemente associado à excitação homossexual que o indivíduo homofóbico desconhece ou NEGA”. Ou seja, eles odeiam o desejo que sentem pelo nossos corpitchos.
A pesquisa consistiu em reunir vários homens que se diziam héteros e os testaram na convivência com homossexuais. Baseado nisso, eles foram divididos em dois grupos: os homofóbicos e os não-homofóbicos. Depois foram submetidos a testes em salinhas privativas assistindo uns filminhos, desses que criança não deveria não assistir, com um aparelho ligado diretamente no playground (no piru mesmo). Primeiro assistiram um filme hétero, depois um com duas mulheres e, por último, um com dois homens. Adivinha qual foi o grupo que ficou com o piru duro no filme dos homens? Isso mesmo, só o grupo dos quebradores de lâmpadas teve ereção assistindo a esse filme. A pesquisa na íntegra pode ser conferida aqui.
Agora, cá entre nós, você se surpreende? Fala que você nunca sentiu um cheiro de Victoria's Secret nos discursos do Bolsonaro? Eu já sabia.
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