quinta-feira, 22 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Enquanto dormia

Por Marlon Vila Nova

Aquela festa foi incrível. Há muito tempo aquele grupo não se divertia tanto. Menos para uma pessoa, que praticamente não tinha participado da festa, mantendo-se encolhido próximo ao pé da escada. Seu nome era Marcos, o único sozinho naquele monte de casais que se formaram. Era sempre assim. Marcos sempre acabava sozinho cuidando de seus amigos, que sempre exageravam demais no consumo de chá gelado de champignon. Nunca se esquecera do episódio em que teve que limpar todo o banheiro onde Tiago, seu melhor amigo, vomitara no chão, já que o vaso sanitário entupiu porque um gato se afogou nele.
Marcos já estava cansado, ele próprio havia bebido muito chá gelado de champignon essa noite. O melhor momento foi quando todos decidiram fazer uma vaquinha e com o dinheiro pediram várias pizzas de atum com groselha. Ele sabia que em breve Tiago o chamaria pra ir embora.
Ele tinha que trabalhar cedo demais no dia seguinte e não se sentia tão bem para ir sozinho. Marcos consertava carruagens e barcos voadores, mas ele próprio nunca possuíra nenhum dos dois. Só tinha um unicórnio velho que herdara de seu pai há cinco anos.
Quando finalmente Tiago decidiu ir embora, Marcos acabou dormindo no barco voador dele. Ao acordar, percebeu que estava a duas estrelas mais distantes do que a que ele morava. Tiago tinha desviado do caminho para passar na casa da namorada dele, o problema é que Marcos percebeu que já tinha perdido seu dia de trabalho. Ele estava tão nervoso com Tiago que nem percebeu que estava numa catacumba, com cadáveres flutuando num líquido viscoso e vermelho.
E foi então que Marcos, ao ver que nada podia ser feito, lembrou-se de um documentário sobre os ursos que hibernam no inverno e decidiu dormir ali mesmo, associando o frio que fazia ao documentário.
Foi logo em seguida que entrou na catacumba um lobisomem sem braços com o cadáver de Tiago nos dentes.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A moeda

Por Avareza

Bruno cresceu em um mundo encantado. Príncipes, princesas, monstros e sapos rodeavam sua rotina diária com tal naturalidade que nunca se deu conta da existência desse outro mundo. Considerava o mundo que chamavam de real um mundo habitado predominantemente por bruxos, o que o fazia sentir repulsão.
Mas, como cresceu sendo criado como um príncipe, ele sabia que teria, um dia, que enfrentar bruxos pelo caminho. E assim, como um príncipe corajoso que havia sido educado para ser, ele enfrentava cada bruxo que por ventura resolvia desafiá-lo.
Até que apareceu aquele que, de tão poderoso, fez com que as armas de Bruno desaparecessem. E agora ele era ferido incessantemente pelos golpes dessa arma criada, especialmente, para ferir quem acreditava nos sonhos.

sábado, 3 de julho de 2010

amaDOR

Por Marlon Vila Nova

Logo que ele levantou da cama hoje, sabia que não seria um dia normal. Sua rotina permanecia imutável, mas ele sabia que algo estranho aconteceria. O que ele sentia era mais que uma sensação, era mais que suas aflições cotidianas. Aquele incômodo que ele sentia no peito estava mais forte que o normal. E doía. Tanto que a dor era quase tangível. Ele mal conseguia respirar.
E foi no meio do dia, quando uma notícia ruim veio à tona, que ele decidiu acabar com tudo. Quando enfim a coragem o permitiu perfurar seu peito com o punhal mais afiado, tudo acabou. De seu peito caiu algo pequeno que não parava de inchar. Aquele coração que crescia sem parar começou a tomar dimensões tão grandes que não cabia mais no peito dele. Nem em casa. Nem na rua.
Só depois de ter segurado forte em seu suposto coração, ele percebeu que voava pra longe da Terra, pra longe de tudo. E que conseguiria viver ali pra sempre. Completamente sem dor.
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