quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Para sempre é sempre por um triz"

Por Marlon Vila Nova

Será esse o peso das escolhas que eu fiz?
Não poder abraçar um amigo tão apertado quanto deveria, no mesmo lugar em que ele me abraçou quando era eu que partia?
Quando decidi pegar sozinho uma estrada que meus amigos não pegariam prometi que nada mudaria. Que a distância entre nós seria apenas física. Lembro-me do Alê chorando dizendo que com o tempo eu nem me lembraria mais dele. Que a distância faria com que, pouco a pouco, fôssemos perdendo contato. Eu prometi que isso não aconteceria. Nunca imaginei que minha condição financeira fosse me impossibilitar de cumprir essa promessa.
Hoje toda aquela dor que sentia na semana que saí de lá voltou, com a intensidade e peso do tempo que estou ser ver o rosto de cada um que vi -com lágrimas nos olhos - nos últimos dias antes de vir pra cá.
Vim em busca de um sonho que hoje me questiono se vale a pena realizar sem receber o abraço de quem me apoiou no final.
Amo tanto cada um dos que ficaram que seria capaz de desistir de tudo se fosse esse o desejo deles. Mas, como prova de que a escolha de minha família "de alma" foi certeira, recebo sempre o apoio para continuar.
Sempre achei que fosse muito mais difícil pra mim suportar a distância do que pra eles. Eles ainda se têm uns aos outros. Eu sou só eu desde fevereiro. Aí vieram tantos recados, tantas mensagens... cada um deles com uma empolgação invejável porque eu estava indo. E aquilo me fez lembrar de como eu já fui feliz de uma outra forma um dia. De como meu sorriso se abria inconscientemente quando a campainha de casa tocava ensandecida pela insistência cômica do Zeca. E era sempre uma aventura correr pra abrir a porta imaginando que pose eles - meu trio tão amado - estariam ensaiando lá fora.
O Dinho com a psicologia reversa de dizer que não acreditava que eu iria só pra me provocar a provar que eu iria sim. E o Fábio torcendo do seu jeito calado, mas extremamente carinhoso para que eu estivesse lá.
E eu não fui... de novo...
Amanhã vou estar sozinho enquanto de uma forma ou de outra todos eles estarão juntos em algum lugar que eu estaria... se eu estivesse com eles.
Sei que ganhei novos amigos aqui. E, talvez se não fosse por eles, eu não teria conseguido aguentar até agora. Sei também que são esses que me leem aqui. Não desmereço o amor de vocês. Apenas morro de medo de ter que me afastar de vocês um dia também. Porque não se pode ter tudo e blá, blá, blá... droga!
Só decidi escrever sobre eles, que talvez não me leiam, pra que fique registrada a importância que eles todos têm. Pra fique registrado de onde eu vim, como fui formado e para que saibam onde é minha base.
Aos amigos de lá, só posso continuar prometendo que não desisti ainda. E que um dia estaremos todos juntos de novo, como já estivemos um dia.
Eu prometo!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Meu mundo em degradé

Por Vaidade

Lembro quando meu mundo era mais cor de rosa. Quando eu ainda não tinha responsabilidades, quando ainda nunca tinha sido humilhado ou quando do amor eu só tinha expectativas e nenhuma experiência.
Chega um momento em que as coisas começam a acontecer. Você percebe que quase nada é mesmo para sempre. E isso machuca tanto. Percebe que as pessoas podem ser ainda mais cruéis e que família, nem sempre quer dizer suporte. Acho que foi por essa época que meu mundo entrou na covardia azul. Passei por todos os tons dele. Sempre tão bonito. O azul é sempre tão aconchegante, preenchedor. Mas o azul é depressivo, e isso eu só vim descobrir depois. Talvez por isso quase todo mundo tem um momento muito azul. Ele representou uma fase introspectiva na minha vida, de crescimento. Uma fase de auto-análise importante.
Hoje é tudo amarelo. Forte, expressivo, determinado, exagerado. Parece tão simples, mas poucos tem mesmo coragem de se expor ao amarelo.
__ Você é abusado, garoto! - Me disseram um dia.
__ Porque?
__ Você usa amarelo. - Me responderam.
Estar amarelo incomoda, irrita os outros. Amarelo é outing demais, é descontraído, pretensioso. As pessoas sabem que o amarelo é seguro demais pra voltar a ser azul. Atrai um mau olhado da porra.
O que será que vem depois? Vermelho, com seu poder intimidante? Branco, com sua intenção de descanso?
Só espero ainda viver muita coisa antes de chegar no preto.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CCSP

Por Marlon Vila Nova

Vim rapidinho só pra dizer que estou no blog do Centro Cultural São Paulo.
Vejam: http://www.acaoculturalccsp.blogspot.com

Em breve atualizações.
Beijos!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um velho de ouro com um relógio de luto

Por Inveja

Um velho de ouro com um relógio de luto. Era assim que todos descreviam Geraldo na vizinhança desde que sua esposa falecera. O relógio, que foi seu último presente de aniversário a amada, nunca mais sairia de seu punho. Não gostava muito do título "de ouro". Ele nunca gostou muito de dourado. Mas não contestava pois sabia que a intenção era carinhosa.
Todos se preocupavam com Geraldo. Sua esposa sempre foi a pessoa mais querida do bairro. Ela sempre presenteava os vizinhos com os bolos deliciosos que ela adorava confeitar. Os domingos eram disputadíssimos. Eles sempre tinham mais de um convite para almoçar.
Depois da morte da esposa, todo o carinho e preocupação se transferiu para Geraldo. Os vizinhos sabiam a falta que a esposa fazia e preocupavam-se em não deixá-lo sozinho. Passava o dia todo vizitando os antigos amigos da esposa. Ele adorava. Sempre chegava em casa com a sensação de saber como a esposa se sentia sendo tão querida.
A noite, em casa, Geraldo trancava todas as portas e janelas, fechava as cortinas, e colocava ao lado da foto da esposa, no criado mudo, o objeto que havia tirado sua vida.
No fundo falso da gaveta Geraldo guardaria para o resto de sua vida seu maior segredo. Um punhal prateado.

Texto feito no curso de Escrita Criativa do Centro Cultural São Paulo. Proposta: escrever um texto que comece com a frase "era um velho de ouro com um relógio de luto".
Autor: Marlon Vila Nova

domingo, 4 de outubro de 2009

Medo

Por Ira

Porque crescemos sendo convencidos de que o amor de nossas vidas é um príncipe encantado se nem conseguimos ser príncipes encantados de ninguém?
Vc conhece um cara legal. Ele é educado, se preocupa com vc, o beijo é incrível, o sexo é inesquecível, ele é lindo e... opa! Sexo?
Muda tudo.
Vc conheceu um cara legal. Ele era educado, se preocupava com vc, o beijo era incrível e o sexo inesquecível.
Pq é sempre assim? O objetivo final é sempre o sexo? Se foi tudo tão bom pq não pode continuar?
Por medo. Os homens são assim. Todos iguais. Morrem de medo. Se o sentimento foi o de que tudo foi muito bom, eles correm. Ignoram, fogem, escondem... viram filhos da puta.
Tudo por conta do medo. Porque na verdade os homens agem como se fossem corajosos, independentes, seguros, maduros, blá, blá, blá...
São frouxos! (Quase) Todos eles. Inseguros, imaturos e MEDROSOS. Não correm porque não gostaram ou pq não querem algo sério. Correm porque morrem de medo de não conseguir segurar a onda. Correm porque têm medo de assumir o que sentem. Correm por medo de chorar. Por medo de sofrer. Fogem porque não suportam admitir a fragilidade. Fogem porque têm medo de admitir que não são homens o suficiente para aceitar que a perda é uma possibilidade. É mais fácil fugir.
Eu devia conseguir mudar minhas preferências. Afinal, desde pequeno já dizia: Não suporto gente com medo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sozinho

Por Cobiça

Todos os parafusos do discernimento andam soltos em minha cabeça. Prefiro não pensar em coiceitos como certo e errado. Todos os sete pecados se confundem em mim. Quero tudo, quero todos. Os meus, os seus... e principalmente os que não me querem agora.
Não agora....
E talvez só por isso é agora que eu quero.
Crueldade... Não comigo.
Pra mim só sobra o egoísmo.
Talvez eu mereça ficar só agora. Eu sei o quero mas não tenho forças pra abrir mão do resto ainda.
Covarde que sou!
Mas tudo bem.
Eu também me daria um fora se algo melhor aparecesse.
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