Por Preguiça
Nunca quis morar sozinho. Meio deprimido que sempre fora, achava a solidão algo muito triste. E por nunca ficar sozinho acabou nunca sabendo ao certo quem era ele. Havia se tornado um especialista nos outros. Não havia quem não o procurasse para conselhos. Ele conhecia todo mundo melhor que a ele mesmo. E conhecia alguns melhor que os próprios alguns.
Depois de tantos anos dividindo apartamentos com amigos pelo medo de sentir a tristeza que viria com a ausência de ouvidos em casa quando chegasse do trabalho, sentiu uma súbita vontade de morar só.
E quando ficou feliz pelo sinal de maturidade por finalmente sentir vontade de ter seu próprio espaço, o alertaram para o fato de que, na verdade, ele já vivia só há muito tempo, apenas dividia um espaço físico. E percebeu que dividir um espaço nem sempre quer dizer que se tem companhia.
E desde então tem se perguntado quão bom ou ruim pode ser isso.
Um comentário:
que lindo, Marlon!
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