sábado, 3 de julho de 2010

amaDOR

Por Marlon Vila Nova

Logo que ele levantou da cama hoje, sabia que não seria um dia normal. Sua rotina permanecia imutável, mas ele sabia que algo estranho aconteceria. O que ele sentia era mais que uma sensação, era mais que suas aflições cotidianas. Aquele incômodo que ele sentia no peito estava mais forte que o normal. E doía. Tanto que a dor era quase tangível. Ele mal conseguia respirar.
E foi no meio do dia, quando uma notícia ruim veio à tona, que ele decidiu acabar com tudo. Quando enfim a coragem o permitiu perfurar seu peito com o punhal mais afiado, tudo acabou. De seu peito caiu algo pequeno que não parava de inchar. Aquele coração que crescia sem parar começou a tomar dimensões tão grandes que não cabia mais no peito dele. Nem em casa. Nem na rua.
Só depois de ter segurado forte em seu suposto coração, ele percebeu que voava pra longe da Terra, pra longe de tudo. E que conseguiria viver ali pra sempre. Completamente sem dor.

4 comentários:

Anônimo disse...

O_O

...Tânia

Mary disse...

Também quero viver assim... sem dor...

Kiko Rieser disse...

Gostei muito e te recomendo duas referências: "Peça-coração" do Heiner Müller (uma peça de uma página) e "Como se fôra um coração postiço" do Rubem Braga (um conto curto).

Cleyton Cabral disse...

Ah, a "Peça-coração" do Heiner Müller é uma boa pedida mesmo. Vc vai amar, Marlon Brando Vila Nova. =D

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