Por gula
Se agosto é mesmo o mês do azar eu não sei. Sei que definitivamente começou bem ruim para mim. Se comparam a vida com uma roda gigante, a minha com certeza sofreu de queda de energia quando passava pela parte baixa.
De todas as formas que poderiam me ferir, não restam dúvidas de que a que mais me machucou foi ter que lidar com o fim da possibilidade mais próxima que já tive de chegar perto de ser correspondido no amor. Saber que mais uma vez não deu certo me fez culpar-me pelo que talvez seja simplesmente incontrolável. Se fiz algo errado ou não, não me resta avaliar. Eu tenho a consciência de que tudo que foi feito foi com amor e na melhor das intenções.
Agora que tudo se foi, posso confessar sem me rasgar por dentro que fui apenas uma vez, infiel aos meus instintos. Pode o fim ter sido um castigo por ter me permitido desfrutar apenas uma vez de outros lábios no último tempo? De qualquer forma, livro-me de sentir essa culpa, já que não fui o único a desfrutá-la. E que importância tem isso hoje se não conseguiu destruir absolutamente nada do que eu sentia? Aliás, "o que dizia o protocolo dos contos de fadas sobre outros beijos? Do tipo comum, que não quebra feitiços?"
Agora que tudo passou, e parece ter finalmente voltado a energia da minha roda gigante, as perguntas não acabaram. Mas algumas devem mesmo ficar sem respostas. Mesmo que seja só pra continuar com o mistério necessário pra continuar buscando-as.
De algumas maneiras talvez ainda doa bastante. Não posso garantir que acabou e nem o que vai acontecer. Ainda bem. Detesto saber de tudo e as coisas previsíveis me irritam um pouco. Estou disposto a continuar vivendo da melhor forma possível, doa o quanto doer. "Afinal, de quantas maneiras um coração pode ser destroçado e ainda continuar batendo?"