quarta-feira, 25 de maio de 2011

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Por Marlon Vila Nova


Até que ponto você tem responsabilidade pela vida de outras pessoas? Até que ponto você se considera culpado por ocultar uma informação? Até que ponto o sofrimento de outras pessoas dependem de você? Até que ponto você pode mudar a história? Quando você sabe qual o limite entre a sua história e a dos outros? Como viver apenas a sua vida sem atrapalhar a de ninguém? Como melhorar a vida de alguém? Como melhorar a vida de alguém sem estragar a de outrem? Você pode julgar os erros dos outros? Com que autoridade?

Até que ponto o seu humor interfere no dia das pessoas com que você cruza? Até que ponto você muda a rotina das pessoas com quem você tem contato? Qual o seu poder de resolver um problema do mundo? O quão importante é a sua opinião para quem usufrui dela? E se você resolvesse não mudar mais nada? Quantas coisas seriam mudadas por conta da sua paralisação?

Até que ponto você deve estar disponível para os seus amigos? Até que ponto um problema deles passa a ser seu também? Quão responsável pelos problemas deles você tem que se tornar? Quanto você deve deixar que eles interfiram nos seus? Até que ponto você deve deixar que sua vida dependa de outra pessoa?

Até que ponto você é você? E até que ponto você é os outros?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O direito de ter direito

Por Orgulho

Durante a tarde de hoje, acompanhei ao vivo, junto com vários amigos, a votação do Supremo Tribunal Federal a respeito da união estável homoafetiva. Tive que ir trabalhar antes do término da votação e, de dentro do metrô, recebo a ligação de um amigo chorando emocionado com a unanimidade de votos a favor. "Estou tão feliz! Sinto como se tivesse conquistado algo muito importante." - ele disse. Na mesma hora mandei uma mensagem pro celular da minha mãe contando a notícia. Ela me ligou imediatamente respondendo meu "alô" com a pergunta "E isso é bom?". Quando retruquei perguntando "Não é?", ela disse que não achava necessário um reconhecimento formal para o amor entre duas pessoas. Concordo. Assim como concordo que, sendo esse amor importante apenas para essas duas pessoas, uma terceira também não tem o direito de negá-lo.
Minha mãe se justificou dizendo que não era contra. E que isso seria algo interessante caso nós pudéssemos ter direitos como adotar uma criança, por exemplo. Eu expliquei a ela que isso seria permitido com a aprovação da união estável. Eu terminei dizendo que considerava um avanço, mas essa palavra imediatamente me soou incômoda. Eu não considero exatamente um avanço. Aliás, considero humilhante o fato de comemorarmos algo que é, obviamente, um direito negado que sempre tivemos. É como se comemorássemos por nossa empresa nos pagar um salário no fim do mês. E não acho que os ministros agiram de outra forma senão da única que poderiam ter agido. Como disse o Ministro Carlos Britto, "O sexo das pessoas não se presta como fator de desigualação jurídica.", portanto, em cima de quê eles se apoiariam para nos negar esse direito senão no preconceito? Sendo pessoas políticas, era de se esperar que eles não se pronunciariam dessa forma.
De qualquer forma fico satisfeito em ver que o Direito anda acompanhando a evolução da Sociedade, mesmo que não nas mesmas proporções. Eu penso como minha mãe. Com o tempo acabei percebendo que o amor é mais importante do que a opinião ou os rótulos que os outros nos colocam. Mas não há como negar os incômodos que a falta desse direito nos causava. Quando se é adolescente ou quando alguém se apaixona pra valer, quando se tem a certeza de que conheceu a pessoa com quem quer dividir sua rotina pro resto da vida, mesmo que você não pense em formalizar essa união através do rótulo "casamento", nao é estranho pensar que, caso você queira, não será possível? Não é angustiante pensar que, se seu companheiro passar mal e tiver que ser internado, você não poderá ficar presente com ele no quarto porque vocês não são parentes? E porque diabos você não tem direitos de receber seguro, ou de ser dependente em um plano de saúde da pessoa que, independentemente do que os outros digam, é o seu marido?
Enfim, fico feliz com a decisão do STF, mas não porque eles nos deram esse direito, mas sim porque eles, finalmente, o reconheceram.
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